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ELEMENTOS DA NARRATIVA

ELEMENTOS DA NARRATIVA

ELEMENTOS DA NARRTIVA

 

            Toda narrativa se estrutura sobre cinco elementos, sem os quais ela não existe. Sem os fatos não há história, e quem vive os fatos são os personagens, num determinado tempo e lugar. Mas para ser prosa de ficção é necessária a presença do narrador, pois é ele fundamentalmente que caracteriza a narrativa. Os fatos, os personagens, o tempo e o espaço existem por exemplo num texto teatral, para o qual não é fundamental a presença do narrador. Já no conto, no romance ou na novela, o narrador é o elemento organizador de todos os outros componentes, o intermediário entre o narrado (a história) e o autor, entre o narrado e o leitor.

 

1 – ENREDO

 

             O conjunto dos fatos de uma história é conhecido por muitos nomes: fábula, intriga, ação, trama, história. Duas são as questões fundamentais  a se observar no enredo:

 

1.1 – Estrutura

 

             Para se entender a organização dos fatos no enredo não basta perceber que toda história tem começo, meio e fim; é preciso compreender o elemento estruturador: o conflito. Seja entre dois personagens, seja entre o personagem e o ambiente, o conflito possibilita ao leitor criar expectativa frente aos fatos do enredo. Conflito é, pois, qualquer componente da história (personagens, fatos, ambiente, ideias, emoções) que se opõe a outro, criando uma tensão que organiza os fatos da história e prende a atenção do leitor. Podem ser encontrados nas narrativas conflitos morais, religiosos, econômicos e psicológicos; este último seria o conflito interior de um personagem que vive uma crise emocional.

Em termos de estrutura, o conflito, via de regra, determina as partes do enredo:

 

 a)      Exposição (introdução): coincide geralmente com o começo da história, no qual são apresentados os fatos iniciais, os personagens, às vezes o tempo e o espaço. Enfim, é a parte na qual se situa o leitor diante da história que irá ler.

b)      Complicação (desenvolvimento): é a parte do enredo na qual se desenvolve o conflito ou os conflitos.

c)      Clímax (desenvolvimento): é o momento culminante da história, isto quer dizer que é o momento de maior tensão, no qual o conflito chega a seu ponto máximo. O clímax é o ponto de referência para as outras partes do enredo, que existem em função dele.

d)     Desfecho (conclusão): é a solução do conflito, configurando-se num final feliz ou não.

 

1.2 – Natureza Ficcional

 

             Verossimilhança é a lógica interna do enredo, que o torna verdadeiro para o leitor; é, pois, a essência do texto de ficção.

            Os fatos de uma história não precisam ser verdadeiros, no sentido de corresponderem exatamente a fatos ocorridos no universo exterior ao texto, mas devem ser verossímeis; isto quer dizer que, mesmo sendo inventados, o leitor deve acreditar no que lê.

 

2 – PERSONAGENS

 

             A personagem ou o personagem é um ser fictício que é responsável pelo desempenho do enredo; em outras palavras, é quem faz a ação. Por mais real que pareça, o personagem é sempre invenção, mesmo quando se constata que determinados personagens são baseados em pessoas reais.

            A personagem é um ser que pertence à história e que, portanto, só existe como tal se participa efetivamente do enredo, isto é, se age ou fala. Se um determinado ser é mencionado na história por outros personagens mas nada faz direta ou indiretamente, ou não interfere de modo algum no enredo, pode-se não o considerar personagem.

            Bichos, homens ou coisas, os personagens se definam no enredo pelo que fazem ou dizem, e pelo julgamento que fazem dele o narrador e os outros personagens. De acordo com estas diretrizes podemos identificar-lhes os caracteres ou características, estejam eles condensados em trechos descritivos ou dispersos na história.

 

2.1 – Classificação das personagens

 

I – Quanto ao papel desempenhado no enredo:

 

 a)      Protagonista – é a personagem principal. Ele pode ser : herói (tem características superiores às de seu grupo) e anti-herói ( tem características iguais ou inferiores às de seu grupo).

 

b)      Antagonista – é a personagem que se opõe ao protagonista, seja por sua ação que atrapalha, seja por suas características opostas às do protagonista.

 

c)      Secundários – são as personagens menos importantes na história, isto é, que têm uma participação menor ou menos frequente no enredo; podem desempenhar papel de ajudantes do protagonista ou do antagonista, de confidentes, enfim, de figurantes.

 

I I – Quanto à caracterização:

 

 a)      Personagens Planos – são caracterizados com um número pequeno de atributos, que os identifica facilmente perante o leitor; de um modo geral são personagens pouco complexos. Há dois tipos de personagens planos mais conhecidos: Tipo (são personagens reconhecidas por características típicas, invariáveis, quer sejam elas morais, sociais, econômicas ou de qualquer outra ordem, exemplo: o político corrupto, a dona-de-casa, o jornalista etc.) e Caricatura (são personagens reconhecidas por características fixas e ridículas, geralmente presentes em história de humor.)

 

b)      Personagens redondos – são mais complexos que os planos, isto é, apresentam uma variedade maior de características que, por sua vez, podem ser classificadas em: físicas (corpo, gestos, voz); psicológicas (personalidade, estados de espírito); sociais (classe social, profissão); ideológicas ( modo de pensar, filosofia de vida, sua religião, opções políticas); morais (bom ou mau, honesto ou desonesto, moral ou imoral).

 

3 – TEMPO

 

             O tempo fictício é um tempo interno ao texto, entranhado no enredo. Os fatos de um enredo estão ligados ao tempo em vários níveis:

 

3.1 – Época: constitui o pano de fundo para o enredo. A época da história nem sempre coincide com o tempo real em que foi publicada ou escrita.

 

3.2 – Duração: muitas histórias se passam em curto período de tempo, já outras têm um enredo que se estende ao longo de muitos anos. Os contos de um modo geral apresentam uma duração curta em relação aos romances, nos quais o transcurso do tempo é mais dilatado.

 

3.3 – Tempo Cronológico: é o nome que se dá ao tempo que transcorre na ordem natural dos fatos do enredo, isto é, do começo para o final. Está, pois, ligado ao tempo linear (que não altera a ordem em que os fatos ocorreram); chama-se cronológico porque é mensurável em horas, dias, meses, anos, séculos.

 

3.4 – Tempo Psicológico: é o nome que se dá ao tempo que transcorre numa ordem determinada pelo desejo ou pela imaginação do narrador ou dos personagens, isto é, altera a ordem natural dos acontecimentos. Está, portanto, ligado ao enredo não-linear (no qual os acontecimentos estão fora da ordem natural). Observação: uma das técnicas mais conhecidas, utilizadas nas narrativas a serviço do tempo psicológico, é o flashback, que consiste voltar no tempo.

 

4 – ESPAÇO

 

             Espaço é, por definição, o lugar onde se passa a ação numa narrativa. O espaço tem como função situar as ações dos personagens e estabelecer com eles uma interação, quer influenciando suas atitudes, pensamentos ou emoções, quer sofrendo eventuais transformações provocadas pelos personagens.            O termo espaço, de um modo geral, só dá conta do lugar físico onde ocorrem os fatos da história. Para designar um lugar psicológico, social, econômico etc, emprega-se o termo ambiente.

 

4.1 – Ambiente: é o espaço carregado de características socioeconômicas, morais, psicológicas, religiosas em que vivem os personagens.

 

5 – NARRADOR

 

            Não existe narrativa sem narrador, pois ele é o elemento estruturador da história. Dois são os termos mais usados para designar a função do narrador da história: foco narrativo ou ponto de vista. Tanto um quanto outro referem-se à posição ou perspectiva do narrador frente aos fatos narrados. Assim, teríamos dois tipos de narrador, identificados à primeira vista pelo pronome pessoal usado na narração: primeira ou terceira pessoa.

 

5.1 – Terceira pessoa: é o narrador que está fora dos fatos narrados, portanto seu ponto de vista tende a ser mais imparcial. Ele é conhecido também pelo nome de narrador observador, tendo as seguintes características: onisciência (sabe tudo da história) e onipresença (está em todos os lugares da trama). Suas variantes são: narrador intruso (é o que fala com o leitor ou que julga diretamente o comportamento das personagens) e narrador parcial (é o que se identifica com determinada personagem do enredo e, mesmo não o defendendo explicitamente, permite que ele tenha mais espaço, isto é, maior destaque na história).

 

5.2 – Primeira pessoa: é aquele que participa diretamente do enredo como qualquer personagem, portanto tem seu campo de visão de limitado, isto é, não é onipresente, nem onisciente. Suas variantes são: narrador testemunha (geralmente não é a personagem principal, mas narra acontecimentos dos quais participou, ainda que sem grande destaque) e narrador protagonista (é o narrador que também é a personagem central).

 

5.3 – Narrador não é autor: as variantes de narrador em primeira ou terceira pessoa podem ser inúmeras, uma vez que cada autor cria um narrador diferente para cada obra. Por isso é bom que se estabeleça que o narrador não é autor, mas uma entidade de ficção, isto é, uma criação lingüística do autor, e portanto só existe no texto.  

 

 

 

PROFESSOR: TARCÍSIO TADEU