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FIGURAS DE LINGUAGEM
CONCEITO
Quando se utiliza de maneira não-convencional a linguagem, explorando-se os aspectos conotativos das palavras e novas maneiras de construir as frases, estão sendo criadas as figuras de linguagem também chamadas figuras de estilo.
“O mar passa saborosamente
A língua na areia.” (Duardo Dusek/Luís Carlos Goes)
O “mar” é personificado, tem características de seres vivos.
Na personificação do “mar”, “língua” é usada em lugar de onda.
FIGURAS SEMÂNTICAS
Metáfora: é o emprego de um termo com significado de outro em vista de uma relação de semelhança entre ambos. É uma comparação subentendida.
- “O Brasil é novo, é um país pivete.” (Abel Silva)
- “O rio era um bicho que de repente embrabecera.” (Donísio da Silva)
Comparação: é a aproximação de dois termos entre os quais existe alguma relação de semelhança, como na metáfora. A comparação, porém, é feita por meio de um conectivo e busca realçar determinada qualidade do primeiro termo.
- A chuva caía como lágrimas de um céu entristecido.
Prosopopeia: também chamada personificação ou animismo, é uma espécie de metáfora que consiste em atribuir características humanas a outros seres.
- Com a passagem da nuvem, a lua se tranquiliza.
Sinestesia: é uma espécie de metáfora que consiste na união de impressões sensoriais diferentes.
- Um doce abraço indicava que o pai o desculpara. (doce = sensação gustativa; abraço = sensação tátil)
Catacrese: é o emprego de um termo figurado por falta de um termo próprio para designar determinadas coisas. Trata-se de uma metáfora necessária, que, desgastada pelo uso, já não representa recurso expressivo da língua.
- A asa da xícara quebrou-se.
Perífrase: expressão que designa um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou.
- A Cidade Luz continua atraindo visitantes do mundo todo. (Cidade Luz=Paris)
Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de antonomásia. (Rei do Baião = Luiz Gonzaga)
Antítese: figura que consiste no emprego de termos com sentidos opostos.
- Tristeza não tem fim.
Felicidade sim...” (Vinícius de Moraes)
Paradoxo: é uma proposição aparentemente absurda, resultante da reunião de idéias contraditórias.
- No discurso, o sindicalista afirmou que o operário quanto mais trabalha mais tem dificuldades econômicas.
Eufemismo: figura que consiste ao abrandamento de uma expressão de sentido desagradável.
- Aqueles homens públicos apropriaram-se do dinheiro.
Hipérbole: figura que através do exagero procura tornar mais expressiva uma idéia.
- Na época de festas juninas, sempre morro de medo dos fogos de artifícios.
Ironia: consiste na inversão de sentido: afirma-se o contrário do que se pensa, visando à sátira ou à ridicularização.
- Cada vez que você interrompe o colega, sem pedir licença, percebo como é bem-educado.
Metonímia: é a substituição do sentido de uma palavra ou expressão por outro sentido, havendo entre eles uma relação lógica. A metonímia ocorre quando se emprega:
- o autor pela obra – Ouvi Mozart com emoção.(a música de Mozart)
- o continente pelo conteúdo – Ele comemorou tomando um copo de caipirinha.
- o parte pelo todo – São muitas as famílias que procuram um teto para morar.
- o singular pelo plural – Todo o homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
- o instrumento pela pessoa que o utiliza – Os microfones corriam atropelando até o entrevistado.
- o abstrato pelo concreto – A infância é saudavelmente desordeira.
- o efeito pela causa – Com muito suor o operário construiu a casa.
- a matéria pelo objeto – Os cristais tiniam na bandeja de prata.
FIGURAS FONÉTICAS
Onomatopéia: consiste na imitação do som ou da voz natural dos seres.
- O cóim-cóim dos porcos parecia uma orquestra desafinada.
Aliteração: consiste na repetição de fonemas no início ou no interior das palavras.
- Ele era bruto, bravo, como a agreste região onde nascera e morrera.
Figuras Sintáticas ou de Construção
As figuras sintáticas também ocorrem quando se quer atribuir maior expressividade ao significado: a lógica da frase é substituída pela maior expressividade que se dá ao sentido.
Elipse: ocorre quando há ocultamento, que fica subentendido pelo contexto e que é facilmente identificado.
- À direita da estrada, sol, à esquerda, chuva, e nosso carro deslizava entre um e outro. (omissão da forma verbal estava: estava o sol, estava a chuva)
Zeugma: omissão de um termo já enunciado antes. Pode-se considerar a zeugma como uma forma de elipse.
- Nem eu o ouvi, nem ele a mim. (omissão da forma verbal ouviu).
Hipérbato: é a inversão da ordem natural (direta) dos termos na oração, ou das orações no período.
- “Bendito o que, na terra, o fogo fez, e o teto.” (Olavo Bilac) - (Bendito o que fez o fogo e o teto na terra.)
Pleonasmo: é a repetição de um termo, ou reforço do seu significado.
- Choramos um choro sentido mas nos refizemos logo.
Assíndeto: ocorre quando há a supressão do conectivo (conjunção).
- O cantor interpretava a canção, o público vaiava. Ele insistia, o público continuava. Ele parou, quebrou o violão, saiu do palco.
Polissíndeto: ocorre quando há a repetição do conectivo (conjunção).
- E falei, e gritei, e tentei, e gesticulei, e pedi ajuda, mas ninguém parou para socorrer o gato acidentado.
Anacoluto: ocorre quando há uma interrupção da construção sintática para se introduzir uma outra idéia.
- Umas moedas velhas caídas no fundo da gaveta, nós descobrimos o seu valor depois que o colecionador as quis comprar.
Repetição ou Anáfora: é a repetição de uma palavra para enfatizar o sentido, criando maior expressividade.
“Vários tons de vermelho dançam para mim,
o vermelho da guerra,
o vermelho das terras,
o vermelho do nada.” (Kátia Maristela Ongaro)
Silepse: ocorre quando se realiza a concordância com a idéia e não com os termos expressos. Ela pode ser:
* de gênero:
- O Rio de Janeiro dos turistas e das belezas naturais é famosa no mundo inteiro. (há concordância com cidade).
* de número:
- O bando de moleques brincava com pipa. Não ouviam nem buzina e nem chamado da mãe. (há concordância com o adjunto adnominal e não com o núcleo do sujeito).
* de pessoa:
- Os brasileiros somos muito crédulos. (somos = brasileiros + eu)
Observação: Desgastada pelo uso, a silepse já não representa recurso expressivo da língua.