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TROVADORISMO PORTUGUÊS
TROVADORISMO
1 - Introdução
A partir do século XI, começou a ganhar vulto na Europa feudal um novo tipo de arte, a poesia dos trovadores, que combinava a arte da palavra e a música. Surgido na região da Provença, esse movimento poético não seguia os modelos da cultura religiosa e guerreira da época, mas criava o seu próprio modelo, através de canções em que o amor, a crítica e o humor estavam presentes.
Vivendo numa sociedade feudal, os poetas trovadorescos reproduziam nas canções amorosas as relações de vassalagem que caracterizavam o feudalismo. Assim, em suas cantigas de amor os trovadores colocavam-se em posição submissa perante a amada, como um vassalo diante de seu senhor. É o que se denominou amor cortês. Já nas cantigas satíricas, buscava-se satirizar as pessoas e os costumes da época.
O acompanhamento musical das cantigas se fazia com instrumentos como a harpa, a lira, a rabeca, o alaúde, a flauta, o címbalo, entre outros. Foram as cantigas as responsáveis pelo surgimento de uma hierarquia de artistas, assim denominados: trovador (poeta geralmente nobre que compunha a cantiga sem preocupação econômica); jogral, segrel ou trovador (artista de condição social inferior ao trovador, percorria os castelos entretendo a nobreza e às vezes compunha cantigas e soldadeira ou jogralesa (moça que cantava e tocava pandeiro ou castanholas).
O Trovadorismo inaugurou um novo modo de conceber o amor e a mulher por meio de canções-poemas de grande delicadeza e beleza melódica. Essa nova prática se alastrou pelas cortes europeias, fazendo que se expandisse também a língua provençal, que em pouco tempo já era falada na França, Itália, Alemanha e em Portugal.também eram traços do Trovadorismo o teocentrismo, a predominância do verso sobre a prosa, o espiritualismo, o refrão, a referência ao ambiente campestre ou ao ambiente da corte e a submissão à Igreja e ao rei.
Em Portugal, o Trovadorismo teve início com a Canção da Ribeirinha, também conhecida como Canção de guarvaia, escrita em 1189 e atribuída a Paio Soares de Taveirós. Segunda a tradição literária, esa cantiga – o primeiro texto da literatura portuguesa – teria sido oferecida a Maria Pais Ribeiro, a Ribeirinha, amante de D. Sancho, rei de Portugal.
O movimento trovadorista, além de dar início à literatura portuguesa, coincidiu com o esforço do povo lusitano pela afirmação da nova pátria. Sua influência se estende até nossos dias, mas foram os românticos do século XIX que primeiro retomaram os temas e formas medievais dos trovadores.
O fim do período trovadorista se deu em 1434, ano da nomeação de Fernão Lopes para o cargo de cronista-mor da Torre do Tombo. Era o início do Humanismo.
2 – Cancioneiros
Dá-se o nome de Cancioneiro à coleção de poesias (canções, cantigas) da época medieval. Como tudo era transmitido oralmente, era necessário compilar os textos poéticos nessas coleções, para que não se perdessem. Toda a produção poética desse período está reunida em três coleções: Cancioneiro da Ajuda (310 cantigas); Cancioneiro da Vaticana (1.205 cantigas) e Cancioneiro da Biblioteca Nacional (antigo Colocci-Brancutti – 1.647 cantigas).
3 – Principais representantes
Entre os autores de cantigas, destacam-se D. Dinis, Paio Soares de Taveirós, Martim Codax, D. Afonso mendes de Besteiros, Fernando Esguio, João Garcia de Guilhade, João Zorro, Airas Nunes de Santiago, Nuno Fernandes Torneol.
4 – Produção Literária: Poesia e Prosa
4.1 – Cantigas Líricas de Amor e de Amigo
A cantiga de amigo é de tradição popular, simples e espontânea. O eu-poético é normalmente uma moça cujo namorado partiu para combater os mouros. Surge daí a temática repetida da solidão, da tristeza, da saudade. O ambiente é simples como a cantiga; a relação amorosa se passa num plano de igualdade entre os amantes; os sentimentos são naturais e espontâneos; os versos apresentam musicalidade e ritmo, como repetição parcial ou total de versos (refrão); é de caráter narrativo e descritivo.
Enquanto cantiga de amor é de origem provençal, com certos requintes de linguagem. O eu-poético é um homem cuja namorada, inacessível, é casada e pertence à nobreza; a relação amorosa, agora, se expressa a modo de vassalagem, isto é, o homem é servo da mulher amada. É o amor cortês, cultivado em segredo, sem revelar o nome da dama, que ignora os sentimentos amorosos do trovador. Dessa forma, a mulher é idealizada, inatingível, sempre colocada num plano muito elevado. Daí a presença de um lirismo forte, representado pela coita d’amor, isto é, amor sofrido.
Exemplo de Cantiga de Amor
Cantiga da Ribeirinha
No mundo non me sei parelha,
mentre me for’ como me vai,
ca já moiro por vos – e ai!
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, dês aquel di’, ai!
me foi a mi mui mal,
e vos, filha de don paai
Moniz, e bem vos semelha
d’aver eu por vos guarvaia,
pois eu, mia senhor, d’alfaia
nunca de vos ouve nen ei
valia d’ua correa.
(Paio Soares de Taveirós)
Exemplo de Cantiga de Amigo
Vaiamos, irmã, vaiamos dormir
nas ribas do lago, u eu andar vi
a las aves meu amigo.
Vaiamos, irmã, vaiamos folgar
nas ribas do lago, eu vi andar
a las aves meu amigo.
Nas ribas do lago, u eu andar vi
seu arco na mão as aves ferir
a las aves meu amigo.
Nas ribas do lago, u eu vi andar
seu arco na mão a las aves tirar
a las aves meu amigo.
Seu arco na mão as aves ferir
a las que cantavam leixá-las guarir
a las aves meu amigo.
Seu arco na mão a lãs aves tirar
a las que cantavam non nas quer matar
a las aves meu amigo.
4.2 – Cantigas Satíricas de Escárnio e de maldizer
A cantiga satírica pode ser de escárnio e de maldizer. Através delas, seus autores satirizavam ou ridicularizavam pessoas, usos e costumes da época. O alvo das críticas eram, via de regra, os nobres, o clero, os governantes, os adúlteros, os ociosos, os agressores, as prostitutas, os homossexuais etc.
As cantigas de escárnio buscavam apenas sugerir as pessoas –alvo, sem contudo revelar seus nomes, ao passo que as cantigas de maldizer em geral as identificavam. Aquelas apresentavam uma linguagem rica, trabalhada e conotativa; estas faziam uso de linguagem mais simples, direta e agressiva, utilizando até palavras de baixo calão. Nas cantigas de escárnio predomina a ironia fina; nas de maldizer, a zombaria explícita.
Por muito tempo a cantiga satírica foi relegada a segundo plano, em razão do preconceito moral. Revelou-se importante, porém, por seu valor histórico, social e linguístico.
Exemplo de Cantiga Satírica
Ai dona fea, foste-vos queixar
porque vos nunca louv’em meu trobar,
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Ai dona fea, se Deus me perdon!
e pois havedes tan gran coraçon
que vos eu loe em esta razon,
vos quero já loar toda via;
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
eu meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
(J. Garcia de Guilhade)
4.3 – Novelas de Cavalaria
As novelas de cavalaria tiveram início com suas canções de gesta – poemas importantes que retratavam ações e feitos heróicos praticados por guerreiros valentes e lendários. Mais tarde, as canções de gesta ficaram entremeadas de enredos amorosos, como no caso do histórico poema “Chanson de Roland”, na França, no século XI.
Com o passar do tempo, essas canções passaram a ser narradas em prosa, o que veio facilitar ainda mais a sua tradução e popularidade. Por volta do ano 1200, apareceu a conhecida novela Lançarote, que abrangia A demanda do Santo Graal e A morte do rei Artur. Vieram depois Tristão e Isolda, Galaaz e outras.
As novelas de cavalaria podem ser agrupadas em três ciclos, dependendo da origem de seus heróis:
ü ciclo clássico – sobre temas latinos e gregos;
ü ciclo carolíngio – sobre Carlos Magno e os doze pares de França;
ü ciclo bretão ou arturiano – sobre o rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda.
No final do século XIII, foram traduzidas em Portugal três novelas, todas do ciclo bretão ou arturiano (daí serem chamadas “matéria da Bretanha”): História de Merlim, José de Arimateia e Demanda do Santo Graal, a mais famosa e popular delas.