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BARROCO OU SEISCENTISMO

BARROCO OU SEISCENTISMO

BARROCO (OU SEISCENTISMO)

 

1 – Barroco em Portugal

                Barroco foi o movimento artístico que predominou do final do século XVI até meados do século XVII, época em que o grande acontecimento na Europa foi o movimento da Contra-Reforma. Na literatura, o Barroco se contrapôs à sobriedade e ao racionalismo dos escritores classicismo, predominantes no século XVI.

                Esse estilo refletiu o panorama político, econômico e religioso da Europa. O capitalismo mercantil estava no seu auge, Lutero e Calvino lideravam a Reforma da Igreja Católica , através do Concílio de Trento (1545), iniciava a Contra-Reforma, um movimento cujo objetivo era o de restaurar a autoridade católica.

                Em Portugal, Luís Vaz de Camões morria em 1580 e o rei, D. Sebastião, a quem ele dedicara Os Lusíadas, desaparecia na guerra de Alcácer Quibir, deixando Portugal sob o domínio da Espanha. A Companhia de Jesus, fundada em 1534, agora dominava o ensino e combatia o paganismo e o racionalismo renascentista. O tribunal da Inquisição emitia listas de obras proibidas, entre as quais algumas de Gil Vicente e de Sá de Miranda.

                Os séculos XVI e XVII, portanto, foram um tempo de conflitos, lutas e contradições de toda ordem. O homem da época buscava uma síntese entre razão e fé, espírito e matéria, corpo e alma.

                Esse contexto acabou por se refletir na literatura. Não é por acaso que a antítese foi a figura de linguagem mais usada pelos barrocos, pois traduzia o dualismo dos artistas da época.

                O Barroco apresentava duas características marcantes em suas obras: o cultismo e o conceptismo. O cultismo consistia no emprego dos excessos, do adorno frasal, das metáforas, antíteses e hipérboles arrojadas, revelando maior preocupação com a forma. Já o conceptismo dizia respeitoao conteúdo, caracterizado pelo uso de expressões sutis, silogismos especiais, com premissa maior, premissa menor e conclusão.

                Um dos primeiros países onde a arte barroca floresceu foi a Espanha. Durante os sessenta anos de dominação espanhola sobre Portugal, a literatura e a arte portuguesas foram muito influenciadas pelas obras de Cervantes, Gôngora, Quevedo e Lope de Veja, entre outros.

                Da Espanha o Barroco chegou à Itália e da Itália espalhou-se pelos demais países penisulares. O Cancioneiro geral e muitos versos de Camões já haviam pré-anunciado esse novo estilo. Ele não ficou circunscrito apenas à literatura, mas se manifestou também na arquitetura, na escultura, na música e na pintura.

 

2 – Características

As principais características do Barroco são:

a)       contraste: contraposição de temas, de assuntos, de motivos e de elementos expressivos, tais como a oposição entre a vida terrena e a vida eterna, espiritualidade e materialidade etc;

b)       verbalismo: uso exagerado de imagens, de figuras de sintaxe, de metáforas difíceis e de floreios literários;

c)       religiosidade: freqüência de assuntos envolvendo a problemática religiosa da época;

d)       sensualismo: contraposição à característica anterior; ênfase aos aspectos táteis, visuais, sensitivos, tanto em relação à natureza quanto ao corpo humano;

e)       pessimismo: nascido da oposição entre corpo e alma, eu e o mundo, catolicismo e protestantismo, Reforma e Contra-Reforma;

f)        culto da solidão: o artista é um ser especial, que se isola num mundo particular. Com essa característica, o Barroco está na raiz do futuro movimento romântico;

g)       transitoriedade da vida;

h)       preocupação constante com a morte: a mesma preocupação que havia na Idade Média;

i)         gosto pelo grandioso e pela intensidade dramática;

j)        tensão emocional: o homem já não se orienta pela razão, mas por sentimentos intensos e emoções violentas.

 

3 – Barroco no Brasil

O termo barroco denomina as manifestações artísticas predominantes na Europa, entre o final do século XVI e início do XVII, época em que a humanidade começa a tomar contato com os progressos materiais trazidos pelo Renascimento. Os valores espirituais, tão enaltecidos na Idade Média, perdiam sua força; contudo, uma nova onda de religiosidade era levada a termo pela Contra-Reforma.

Neste clima agitado surge o Barroco, movimento que espelha a contradição reinante. Assim, amor e sofrimento, vida e morte, corpo e alma, religiosidade e erotismo convivem em constante conflito nos textos dos escritores barrocos. No Brasil, é importante salientar, porém, que a literatura barroca teve seu auge no século XVII, ao passo que a arquitetura, tendo Aleijadinho como figura de proa, teve seu momento de esplendor no século XVIII, com obras imortais nas igrejas de Ouro Preto, Mariana, Congonhas, entre outras.

O marco inicial da literatura barroca no Brasil é 1601, ano da publicação do poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira. Não podemos dizer, contudo, que a produção daquele tempo fosse algo inteiramente original. A poesia barroca, em seu início, constituía-se em imitação e adaptação do gongorismo espanhol; a prosa pautava-se pelo estilo jesuítico de Anchieta e Vieira.

Não obstante as limitações impostas pela estrutura de país-colônia, nesse período surgiu Gregório de Matos, talentoso poeta cujo apelido – Boca do Inferno – traduz bem os estragos que causou com sua sátira virulenta. Também não se deve esquecer que o Pe. Antônio Vieira, embora português, escreveu a maior parte de sua obra no Brasil.

 

4 – Principais representantes

São nomes importantes na literatura barroca no Brasil: Bento Teixeira Pinto, Pe. Antônio Vieira, Gregório de Matos, Manuel Botelho de Oliveira, Frei Manuel de Santa Maria Itaparica e Eusébio de Matos.

 

 

5 – Biografia

Gregório de Matos – iniciou seus estudos no Colégio dos Jesuítas, na Bahia. Em 1652, seguiu para Coimbra, onde se formou em Direito. Voltou ao Brasil, onde ficou por dez anos, retornando depois a Portugal. Era, em alto grau, um homem barroco. Seus poemas revelam o ser humano em conflito diante de forças antagônicas, característica tão marcante nos artistas barrocos. Além de grande poeta lírico e religioso, foi satírico e mordaz, o que lhe valeu o epíteto de Boca do Inferno. Sabia como poucos derramar o fel da crítica ferina e da ironia contundente. Foi a primeira grande voz tipicamente brasileira.

Pe. Antônio Vieira – nasceu em Lisboa, em 1608, e morreu em Salvador-BA, em 1697. Chegou ao Brasil com menos de sete anos de idade. Com os jesuítas, tirou o grau de Mestre em Artes e entrou como noviço na Companhia de Jesus, em 1623. Dez anos depois, fazia estréia no púlpito, na Igreja da Conceição. Foi um extraordinário orador, dotado de inteligência, raciocínio e linguagem ímpar. Notabilizou-se como pregador e pelos sermões dominicais, como o Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda, Sermão da Sexagésima e Sermão da Primeira Dominga da Quaresma. Sua palavra sempre foi muito contestada, por que defendia os mais fracos contra o poder dos mais fortes. Em 1667, chegou a ser cassado pelo Santo Ofício, que o libertou no ano seguinte. Brilhou em Roma, na Suécia e em Lisboa. Depois de ser confidente de reis e papas, morreu com a pobreza e a simplicidade de um místico.

 

6 – Referência

CADORE, Luís Agostinho. Curso prático de português (literatura-gramática-redação). São Paulo: Editora Ática, 1999.