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REALISMO BRASILEIRO

REALISMO BRASILEIRO

REALISMO

Como vimos antes, alguns escritores do Romantismo brasileiro, em especial Manuel Antônio de Almeida e Martins Pena, já tinham os olhos voltados para o mundo real e concreto. Na Segunda metade  do século XIX o Romantismo dava claros sinais de esgotamento, especialmente porque derivara para o sentimentalismo piegas, o exagero da imaginação e irresponsabilidade em relação à forma. Um novo estilo de captar o mundo e descrevê-lo viria substituir o anterior: o Realismo. Esse termo lembra realidade, objetividade, ausência de fantasia, busca direta dos fatos.

Aliás, todo o século XIX foi marcado pelo progresso da ciência e da indústria e pela evolução dos estudos sociais. Debatia-se acaloradamente o Positivismo de Auguste Comte, o Evolucionismo de Darwin, o Determinismo de Hippolyte Taine e o Manifesto Comunista (1848) de Marx e Engels. Crescia a confiança na capacidade humana de resolver seus problemas valendo-se da razão e inteligência, ao invés da emoção e sensibilidade.

Esse movimento de oposição ao Ultra-Romantismo – o Realismo – teve um início ruidoso na França, com a publicação do romance Madame Bovary (1857), de Gustave Flaubert. De lá, difundiu-se por toda a Europa.

 Características

Podem ser assim resumidas as principais características do Realismo:

1.        observação e análise minuciosa da realidade;

2.        objetividade;

3.        interesse pelo presente e contemporâneo;

4.        universalismo: exploração de temas universais;

5.        preferência por personagens populares vulgares;

6.        espírito científico: busca da verdade e exatidão;

7.        tendência anticlerical;

8.        ideal republicano e antimonárquico;

9.        materialismo;

10.     predomínio da razão sobre a emoção.

 Realismo no Brasil

Progressivamente, na Segunda metade do século XIX, a concepção emocional-afetiva do mundo e da literatura foi cedendo lugar a uma percepção mais realista. Surgia um novo estilo, dando origem a uma literatura bem mais próxima do momento presente e com uma visão mais objetiva do mundo e da vida. Após espalhar-se pela Europa e por Portugal, essa onda também chegou ao Brasil, embora com alguns anos de atraso.

A nossa literatura havia despertado durante o Romantismo. Com o Realismo, ocorreria sua consolidação.

Na década de 1870, Tobias Barreto, Sílvio Romero e outros absorveram, na Escola de Recife, os ideais científicos do Positivismo, Evolucionismo e Determinismo.

Mas o marco inicial do nosso Realismo foi o ano de 1881, data da publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e de O mulato, de Aluísio Azevedo. Neste último, o ideal realista exacerbou-se de tal forma que melhor seria denominado Naturalismo (estilo que encontrou vários seguidores). Mas em Machado de Assis o Realismo floresceu, cresceu e ultrapassou os limites locais, ganhando uma dimensão universal. Alguns de seus romances foram comparados aos de Eça de Queiroz ( Eça de Queiroz é considerado o representante máximo do Realismo-Naturalismo em Portugal. É um dos maiores escritores de língua portuguesa, e nesse ofício brilhou como romancista, contista e cronista. Obras: O crime do padre Amaro - 1875, O primo Basílio – 1878, A relíquia -1887, Os Maias – 1888  etc).

No tocante à poesia, o movimento realista deu origem ao Parnasianismo.

O Realismo brasileiro, teoricamente, vai até 1893, ano da publicação de Missal e Broquéis, de Cruz e Sousa, início do Simbolismo. Praticamente, porém, os autores realistas conviveram com os simbolistas e estenderam sua produção até as duas primeiras décadas do século XX.

Principais representantes

Os nomes de maior expressão do Realismo brasileiro são: Prosa -  Machado de Assis ( representante máximo do nosso Realismo), Aluísio Azevedo, Raul Pompéia, Adolfo Caminha, Domingos Olímpio, Manuel de Oliveira Paiva, Inglês de Sousa, Coelho Neto e Afonso Arinos. Poesia -  Alberto de Oliveira, Raimundo Correia, Olavo Bilac, Vicente de Carvalho, Amadeu Amaral, Hermes Fontes, Francisca Júlia e Teófilo Dias.

Parnasianismo

Paralelamente à prosa realista-naturalista, surgiu no Brasil uma escola poética com características bem marcantes: o Parnasianismo. Seu nome veio da revista francesa Le Parnasse Contemporain, editada pela primeira vez em 1866. Parnaso é o nome de uma montanha grega, outrora consagrada a Apolo e às musas inspiradoras das artes. Em torno de Le Parnasse Contemporain reuniram-se Théophile Gautier, Théodore Banville, Leconte de Lisle, Heredia, Baudelaire, Prudhomme e outros.

O Parnasianismo zelava sobretudo pela composição perfeita do verso, procurando fugir dos cacoetes românticos: a banalidade dos temas, o descuido das composições, o derramamento sentimental. Tais defeitos precisavam agora ser sanados pela razão, pela ciência e pelos valores supremos que a sociedade cultivava.

O papel do poeta seria esculpir o poema, criar o Belo, sem preocupações de ordem social ou moral. O Parnasianismo defendia  “ a arte pela arte “.

Portanto, o Parnasianismo, na sua busca incessante de novos temas, novos processos poéticos, foi também uma reação contra o Romantismo, foi uma outra forma de Realismo.

No Brasil, a repercussão do Parnasianismo foi bem maior do que em Portugal. Contudo, o nosso Parnasianismo não é mera reprodução da “arte pela arte” francesa. Um certo subjetivismo e romantismo continua subjacente à composição perfeita dos versos, exceto em alguns realmente impassivéis e objetivos, como, por exemplo, Alberto de Oliveira e Francisca Júlia.

Características

A perfeição está na forma; linguagem é correção e equilíbrio; sobriedade no emprego de figuras; musicalidade dos versos; emprego de rimas raras; impassibilidade do poeta diante da obra; fuga dos sentimentos vagos; riqueza vocabular, rima rica; ênfase descritiva em vasos, estatuetas, flautas, taças etc; culto da beleza escultural; simplicidade artística; culto da “arte pela arte”; preferência pela forma do soneto.

 Poesia Realista

 A poesia realista deve ser entendida como aquela que serviu, de modo direto, aos desígnios reformistas da geração realista: sem se confundir com o Parnasianismo(como querem alguns), essa poesia é a que teve caráter revolucionário, serviu como arma de combate, de ação, em suma, poesia a serviço da causa realista, o que equivale a dizer poesia compromissada ou engagée. Estão nesse caso, ao menos em parte de suas trajetória: Guerra Junqueiro, Gomes Leal, Antero de Quental, Teófilo Braga e outros.

 Parasitas

No meio duma feira, uns poucos de palhaços,

Andavam a mostrar, em cima dum jumento

Um aborto infeliz, sem mãos, sem pés, sem braços,

Aborto que lhes dava um grande rendimento.

 

Os magros histriões, hipócritas, devassos,                                  - indivíduos ridículos, farsantes.

Exploravam assim a flor do sentimento,

E o monstro arregalava os grandes olhos baços,                                        - sem brilho.

Uns olhos sem calor e sem entendimento.

 

E toda a gente deu esmola aos tais ciganos:

Deram esmola até aos mendigos quase nus.

E eu, ao ver este quadro, apóstolos romanos,

 

Eu lembrei-me de vós, funâmbulos da Cruz,                                  - indivíduos que mudam facilmentede opinião.

Que andais pelo universo há mil e tantos anos                                              

Exibindo, explorando o corpo de Jesus.

                                                                        (Guerra Junqueiro)

 Poesia do Cotidiano

Parcialmente ligada à poesia “realista” está a poesia do cotidiano. Por esse rótulo se entende a preocupação não-consciente nem programática de infringir as tradicionais regras do jogo estético e de considerar dignos de nota os aspectos da realidade considerados até então apoéticos ou, pelo menos, alíricos. Noutros termos, significava uma novidade meio à ovo de Colombo: a poetização do prosaico, do cotidiano, daquilo que parece significar pouco para o homem prático, acomodado e despreocupado de outros problemas que não os da subsistência fisiológica. Pela primeira vez, o lirismo tentava, com a força própria das novidades, lançar a atenção sobre o prosaico diário, inclusive nos seus aspectos julgados repelentes, grotescos ou ridículos, quando não apenas fora do interesse poético. Ao mesmo tempo, correspondia à tentativa de fazer poesia “objetiva”, centrada no objeto e não no sujeito, dessa forma deslocando o eixo de interesse poético para fora do “eu” do poeta. Quase uma despoetização do ato poético, a poesia do cotidiano nasceria da impressão que o “fora” deixa no “dentro” do sujeito.

 Poesia  Metafísica

 A poesia do cotidiano contrapõe-se uma tendência poética de sentido contrário, dirigida para a resposta às indagações que a consciência do homem formula, desde sempre, entre aterrada e esperançosa: “que sou?”, “por que sou?”, “de onde vim?”, “para onde vou?”, “que é que vale?”, “por que a morte?” etc. Trata-se , como se nota, da poesia metafísica, ou transcendental.

Correspondendo a uma linha de força que remonta à Idade Média, com a cantiga de amor, a poesia de elucubração existencial permaneceu em Camões e Bocage. No século XIX, afora incidentais ressurgências em Soares de Passos, João de Deus, Gomes Leal e Guerra Junqueiro, é em Antero de Quental que esse gênero de poesia encontra o seu mais alto representante.Neste século, continua ainda presente na cosmovisão de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, José Régio, Miguel Torga e outros.

Basta o enunciado dos nomes que compõem o elenco principal de poetas com tendência metafísica, para se verificar que representam o melhor da poesia portuguesa em sua evolução histórica. Todavia, é paradoxal que o seja, pois o caráter marcadamente confessional e ególatra do lirismo português faria supor o contrário. O fenômeno tem explicação: a poesia metafísica nasceria sempre como uma via de escape à angústia geográfica, histórica e cultural em que vive o homem português, encurralado num território diminuto entre o continente europeu e o Oceano Atlântico. Pelas características próprias assumidas pelo movimento realista em Portugal, essa angústia chega ao paroxismo, superando a restante atividade poética e inclusive desrespeitando os postulados positivistas, que subestimavam as cogitações metafísicas e sugeriam uma poesia experimental, a serviço da revolução social em marcha.

O palácio da Ventura

Sonho que sou um cavaleiro andante.

Por desertos, por sóis, por noite escura,

Paladino do amor, busco anelante

O palácio encantado da Ventura!

 

Mas já desmaio, exausto e vacilante,

Quebrada a espada já, rota a armadura...

E eis que súbito, o avisto, fulgurante

Na sua pompa e aérea formosura!

 

Com grandes golpes bato à porta e brado:

Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...

Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais!

 

Abrem-se as portas d’ouro, com fragor...

Mas dentro encontro só, cheio de dor,

Silêncio e escuridão – e nada mais!

                                                       (Antero de Quental) 

 Dados biográficos dos autores

Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo (1857-1913)  __ Nasceu em São Luís (Maranhão). Em 1876, foi para o Rio de Janeiro, com o objetivo de se tornar desenhista. Nesse tempo, colaborou na imprensa como chargista. Entre 1882 e 1895, colaborou intensamente na  imprensa carioca, ao mesmo tempo que publicou continuamente romances. Em 1895, foi nomeado vice-côsul em Vigo, na Espanha, após ter prestado concurso. Em 1897, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras e removido de Vigo para Iokoama, no Japão. Depois exerceu funções diplomáticas sucessivamente em La plata (Argentina), Salto Oriental (Uruguai), Cardiff (Inglaterra), Nápoles (Itália) e Buenos Aires (Argentina).

Obras:

Romance: Uma lágrima de mulher (1879); O mulato (1881); Memórias de um condenado (1882), reeditado depois com o nome de A Condessa Vésper; O mistério da Tijuca (1882), reeditado com o título Girândola de amores; Casa de pensão (1884); Filomena Borges (1884); O homem (1887); O coruja (1890); O cortiço (1890); A mortalha de Alzira (1894); Livro de uma sogra (1895).

Teatro: Os doidos (1879), em colaboração com Artur Azevedo; A flor de lis (1882), em colaboração com Artur Azevedo; Os sonhadores (1887); Fritzmarck (1888), em colaboração com Artur Azevedo; A República (1890), em colaboração com Emílio Rouède; Um flagrante (1891), em colaboração com Emílio Rouède; Fluxo e refluxo (1903); A mulher (s.d.); Alma no prego (s.d.); O inferno (s.d.), em colaboração com Emílio Rouède; Lição para maridos (s.d.), em colaboração com Emílio Rouède.

Conto: Demônios (1893); Pegadas (s.d.).

Crônica: O touro negro (1938).

Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) __ Nasceu no Morro do Livramento (Rio de Janeiro). Trabalhou como tipógrafo na Imprensa  Nacional, depois na Tipografia de Paula Brito, entre 1856 e 1858. A partir dessa data, até 1867, foi assíduo colaborador em jornais e revistas cariocas, como Correio Mercantil, Diário do Rio de Janeiro, Semana Ilustrada, Jornal das Famílias, onde publicou muitos contos, crônicas e crítica teatral. Ingressou no funcionalismo público, em 1867. Em 1869, casou-se com Coralina Augusta Xavier de Novais. Em 1897, foi aclamado presidente perpétuo da Academia Brasileira de Letras.

Obras:

Romance: Ressurreição (1872); A mão e a luva (1874); Helena (1876); Iaiá Garcia ( 1878); Memórias póstumas de Brás Cubas (1881); Quincas Borba (1891); Dom Casmurro (1899); Esaú e Jacó (1904); Memorial de Aires (1908).

Poesia: Crisálidas (1864); Falenas (1870); Americanas (1875); Ocidentais (1901).

Conto: Contos fluminenses (1870); Histórias da meia-noite (1873); Papéis avulsos (1882); Histórias sem data (1884); Várias histórias (1896); Páginas recolhidas (1899); Relíquias de casa velha (1906).

 Teatro: Queda que as mulheres têm para os tolos (1861); Desencontros (1861); Hoje avental, amanhã luva (1861); O caminho da porta (1861); O protocolo (1863); Quase ministro (1864); Os deuses de casaca (1866); Tu, só tu, puro amor (1880); Não consultes médico (1896); Lição de Botânica (1906).

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (1865-1968) __ Nasceu no Rio de Janeiro. Ingressou na Faculdade de Medicina em 1880, com quinze anos; portanto, mediante autorização especial. Em 1887, matriculou-se como ouvinte na Faculdade de Direito de São Paulo. Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras, em 1896. Em 1907, foi eleito “príncipe dos poetas”, pela revista Fon-fon. Entre 1915  e 1917, fez campanhas cívicas pelo serviço militar obrigatório.

Obras:

Poesias (1888), contendo Panóplias, Via-Láctea, Sarças de fogo, Alma inquieta, As virgens, O caçador de esmeraldas; Crônicas e novelas (1894); Livro de composição (1899), em colaboração com Manuel Bonfim; Livro de leitura (1901); Contos pátrios (1904), em colaboração com Coelho Neto; Poesias infantis (1904); Crítica e fantasia (1904); Tratado de versificação (1905), em colaboração com Coelho Neto; Conferências literárias (1906); Através do Brasil (1910), em colaboração com Manuel  Bonfim; Pátria brasileira (1911); Ironia e piedade (1916); AA defesa nacional  (discursos, 1917); Tarde (poesia, 1919); Últimas conferências e discursos (1927).

Raul D’Ávila Pompéia (1863-1895)__ Nasceu em Jacuecanga, Angra dos Reis (Rio de Janeiro). Estudou no Colégio Abílio e depois no Imperial Colégio Pedro II. Estudou Direito, primeiro em São Paulo, depois no Recife, onde concluiu o curso. Trabalhou como crítico de arte na Gazeta de Notícias e, depois, como correspondente do Diário de Minas. Foi professor de mitologia na Escola Nacional de Belas-Artes. Em 1894, foi nomeado diretor da Biblioteca Nacional. Em 1895, suicidou-se.

Obras:

Romance: Uma tragédia no Amazonas (1880); As jóias da coroa (1882); O Ateneu (1888); Agonia (inacabado).

Conto: Microscópios (1881).

Poema em prosa: Canções sem metro (1883).

Outros: Alma morta (1888); Prosas esparsas de Raul Pompéia (1920).                                                                                              

Tobias Barreto de Menezes, mestiço, de modesta origem, fez estudos secundários com mestres particulares na sua província até obter, aos 15 anos, posto de professor de Latim, em Lagarto. São desse tempo e de um breve período que passa no Seminário da Bahia muitas composições poéticas onde se acha um pouco de tudo: desde modinhas até elegias latinas. Fez Direito em Recife (1864-69), onde amadurecem as constantes de sua obra: aversão ao tradicionalismo filosófico e, no terreno literário, afinamento com o hugoanismo, entendido como poesia de tese, lirismo público que se avizinha à épica. Muitos de seus poemas (Dias e Noites) foram compostos na fase acadêmica, marcada pelas polêmicas que travou com Castro Alves: rivalidades de estudantes sem maior significação. Formado, casa-se e parte para Escada onde advoga e faz jornalismo(1871-81), escrevendo para efêmeros periódicos liberais vibrantes de idéias hauridas nos positivistas franceses e, especialmente, nos monistas alemães. Data desses anos o seu germanismo tão exclusivista que o leva a redigir alguns artigos em alemão... Em 1882, vence concurso para lente da Faculdade de Direito do Recife: episódio central de uma luta entre o escolasticismo de uma práxis jurídica imóvel e as correntes laicizantes que Tobias se propunha encarnar . Foi o grande animador intelectual da época, mestre da chamada “Escola do Recife”, segundo seus discípulos Sílvio Romero, Graça Aranha e Artur Orlando. Deixou: Estudos de Filosofia e Crítica, 1875; Estudos Alemães, 1881; Questões Vigentes de Filosofia e Direito, 1888; Vários escritos, 1900. As Obras Completas foram publicadas no Rio, em 1926. Consultar: Graça Aranha, O Meu Próprio Romance, S. Paulo, 1931; Sílvio Romero, História da Literatura Brasileira, 3ª ed., Rio, 1943, vol. IV; Hermes Lima, Tobias Barreto, São Paulo, Cia. Ed. Nacional, 1943; Nelson Werneck Sodré, História da Literatura Brasileira, cit., “A reação anti-romântica: a crítica”, pp. 358-380.

 O Coração                                                         Sempre Bela

O coração também é um metafísico:               Na luta pela vida, iluminada

Estremece por formas invisíveis                     De uns lindos olhos ao clarão divino.

Anda a sonhar uns mundos encantados,     Diz o tempo à beleza: eu te devoro!

E a querer umas coisas impossíveis...            E a beleza responde: eu te domino!

                                                       (1884.

                                                                            O tempo curva-se ao poder mais forte.

                                                                             Das belas, como vós, é esta a glória:

                                                                             Onde murcha uma flor, mil flôres brotam,

                                                                             E sempre assim repete-se a vitória...

                                                                                                                                         1877.